Lilypie Third Birthday tickers

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Sobre solidão

Li outro dia em um blog de mãe sobre seu sentimento de solidão nas primeiras semanas após o nascimento do seu bebê. Em quase uma centena de comentários, todas as mães disseram compartilhar deste mesmo sentimento. Mas, que isso passa, assim pensa a maioria. Fazendo uma reflexão sobre o assunto, acabei indo um pouco além. Nas primeiras semanas de vida da Sophia eu também me senti muito perdida. A sensação de não dar conta, o não poder fazer outra coisa, aquele plantão 24 horas, é bem complicado mesmo, é trabalho duro. No meu caso, o papai tirou férias emendando com a licença paternidade e assim ficou no plantão comigo por quase um mês. Ajudou muito, é claro que não existe uma igualdade na divisão de tarefas, afinal o que o bebezinho mais faz é mamar e isso só eu podia fazer.
Mas voltando a reflexão pensei que a solidão de mãe vai além deste início. Sinto que tenho uma solidão constante em vários aspectos. E quando falo em solidão, não acredito que seja necessariamente uma coisa ruim. Solidão pra mim é compartilhar apenas comigo mesma alguns sentimentos. Por mais que eu fale sobre este sentimento com alguém, só eu sinto daquele jeito. A solidão precisa ser vivenciada e ao longo da vida vamos tendo várias experiências de solitude. Mas solidão de mãe é diferente. A solidão de mãe tem como objeto o filho. E o filho é o que há de mais sagrado. Quando me preocupo com a saúde, com a escola, enfim, estou só nesta preocupação. É claro que o pai se preocupa também, mas não na mesma dimensão e intensidade que eu. A mãe se preocupa muito mais, na gente é tudo maior. E não é porque eu ame mais do que o pai não, é porque aquele ser já foi ligado em mim, já se alimentou de mim, das minhas entranhas, se alimentou em mim. Esta ligação sim, é maior. Não melhor, apenas maior. Eu tenho sentimentos em relação a minha filha que ninguém mais terá, nem mesmo outra mãe, pois o que sentimentos pelo nosso filho, não sentimos pelo filho da nossa melhor amiga, mesmo que amemos muito aquela outra criança. O sentimento que temos pelo nosso filho é único, é maior que qualquer outro. E essa condição de amor gigante nos deixa solitárias com nossos medos, nossas angústias, nossas incertezas e até com as nossas alegrias. Ninguém vai se sentir tão feliz de ver minha filha desenhando círculos pela primeira vez como eu. Este sentimento é só meu. Só. Solitário.
Tem outro lado da solidão que eu experimentei e experimento depois de ter me tornado mãe. A solidão de amigos. Muitos se distanciaram, eu me distanciei também de alguns. Os motivos cabem a cada um. Mas isso hoje já não é uma dor, ou um problema, apenas uma realidade. As prioridades mudam, o funcionamento da vida vai mudando também. Algumas pessoas simplesmente não se encaixam em uma rotina com crianças, ou porque não gostam, ou porque não se sentem à vontade.
Antes de começar a namorar o pai da Sophia eu vivia uma fase muito só em minha vida, no entanto era uma fase muito feliz, muito tranquila. Aquele período todo me parecia cheio de significados, uma preparação e uma certeza de que um grande amor estava a caminho. Por isso a solidão não me incomoda, acho que ela é necessária. A solidão me acolheu e eu acolhi a solidão. Talvez, não ter lutado contra tenha sido uma boa escolha. Ter vivido isso me ajuda hoje a passar por minhas “solidões” de mãe com tranquilidade. Observo estes sentimentos, me redescubro com eles e me transformo. A cada dia vou crescendo um pouquinho e me preparando melhor pra essa empreitada maravilhosa (e difícil)que é ser mãe. Empreitada de ensinamentos, mas principalmente de muito aprendizado.

Um comentário:

  1. Muito bom o seu relato e verdadeiro. Mostra que essa tal solidão faz parte da vida, do amadurecimento e das nossas escolhas. Bjsssssss

    Sophia é linda!!!

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