O pai da Sophia é um cara assim, me manda poemas de Neruda no meio de uma tarde primaveril de terça-feira, e me deixa com cara de boba, rindo à toa...
Depois de tudo te amarei
como se fosse sempre antes
como se de tanto esperar
sem que te visse nem chegasses
estivesses eternamente
respirando perto de mim.
Perto de mim com teus hábitos,
teu colorido e tua guitarra
como estão juntos os países
nas lições escolares
e duas comarcas se confundem
e há um rio perto de um rio
e crescem juntos dois vulcões.
Perto de ti é perto de mim
e longe de tudo é tua ausência
e é cor de argila a lua
na noite do terremoto
quando no terror da terra
juntam-se todas as raízes
e ouve-se soar o silêncio
com a música do espanto.
O medo é também um caminho.
E entre suas pedras pavorosas
pode marchar com quatro pés
e quatro lábios, a ternura.
Porque sem sair do presente
que é um anel delicado
tocamos a areia de ontem
e no mar ensina o amor
um arrebatamento repetido.
Pablo Neruda
quarta-feira, 28 de setembro de 2011
terça-feira, 27 de setembro de 2011
Dá pra pular a primavera?
- Mãe, eu quero ficar com o pé descalço.
- Não dá filha, ainda tá frio. Pé descalço só no verão.
- Eu quero ir pro verão!
- Não dá filha, ainda tá frio. Pé descalço só no verão.
- Eu quero ir pro verão!
sexta-feira, 23 de setembro de 2011
O novo de novo
- Mãe, quero levar um dvd pra escola...
- Qual dvd filha?
- O novo.
- Mas filha, o novo já foi pra escola esta semana.
- Eu quero o novo de novo!
Simples assim.
À propósito: o dvd novo, que já não é mais novo (mas é o último que compramos), é o dvd do Palavra Cantada - Vem dançar com a gente. Delícia de dvd, Sophia adora, já sabe cantar várias musiquinhas e nos inspirou a redescobrir a bolacha de água e sal. Na gravidez eu comi tanta bolacha de água e sal que meio que enjoei. Sophia come palitinho integral ou bolacha maria. E o papai anda comendo bolacha de água e sal que dá gosto de ver, que nem quando a gente era criança: faz sanduichinho de bolacha com manteiga. Fofo!
Bolacha de água e sal
Gosto quando vou brincar na rua
Gosto quando encontro meu amigo
Gosto quando a mãe do meu amigo
Me oferece uma bolacha
De água e sal
Gosto de bolacha sem açucar
Gosto de bolacha sem recheio
Gosto de bolacha sem perfume
Gosto do que é normal
Uma bolacha de água e sal
É... uma coisa natural
É... barato e não faz mal
De qualquer marca
É tudo igual
Quando a gente está meio enjoado
Quando a gente está passando mal
Quando a gente fica aperreado
Bolacha de água e sal
Quando a minha avó era criança
Quando a vida era sempre igual
Lá na roça acordavam cedo
Pra comer bolacha de água e sal
Quando o meu avô era criança
Veio num navio de Portugal
A viagem ficou na lembrança
Só comiam bolacha de água e sal
O meu gosto é radical
Gosto porque é fundamental
Farinha, fermento, água e sal
Simplicidade, no trivial
Se um dia você for lá em casa
Pra brincar comigo no quintal
Vamos combinar um pic nic
Pra comer muita bolacha
De água e sal
- Qual dvd filha?
- O novo.
- Mas filha, o novo já foi pra escola esta semana.
- Eu quero o novo de novo!
Simples assim.
À propósito: o dvd novo, que já não é mais novo (mas é o último que compramos), é o dvd do Palavra Cantada - Vem dançar com a gente. Delícia de dvd, Sophia adora, já sabe cantar várias musiquinhas e nos inspirou a redescobrir a bolacha de água e sal. Na gravidez eu comi tanta bolacha de água e sal que meio que enjoei. Sophia come palitinho integral ou bolacha maria. E o papai anda comendo bolacha de água e sal que dá gosto de ver, que nem quando a gente era criança: faz sanduichinho de bolacha com manteiga. Fofo!
Bolacha de água e sal
Gosto quando vou brincar na rua
Gosto quando encontro meu amigo
Gosto quando a mãe do meu amigo
Me oferece uma bolacha
De água e sal
Gosto de bolacha sem açucar
Gosto de bolacha sem recheio
Gosto de bolacha sem perfume
Gosto do que é normal
Uma bolacha de água e sal
É... uma coisa natural
É... barato e não faz mal
De qualquer marca
É tudo igual
Quando a gente está meio enjoado
Quando a gente está passando mal
Quando a gente fica aperreado
Bolacha de água e sal
Quando a minha avó era criança
Quando a vida era sempre igual
Lá na roça acordavam cedo
Pra comer bolacha de água e sal
Quando o meu avô era criança
Veio num navio de Portugal
A viagem ficou na lembrança
Só comiam bolacha de água e sal
O meu gosto é radical
Gosto porque é fundamental
Farinha, fermento, água e sal
Simplicidade, no trivial
Se um dia você for lá em casa
Pra brincar comigo no quintal
Vamos combinar um pic nic
Pra comer muita bolacha
De água e sal
terça-feira, 13 de setembro de 2011
Ao vivo lá em casa!
Lindo o último dvd do Arnaldo Antunes "Ao vivo lá em casa", cheio de poesia, clima de amizade, casa cheia, alegria, felicidade, músicas lindas.
No mesmo dia que comprei o dvd, passamos horas no parque brincando, aproveitando o belo dia de sol. Sophia sempre brinca com as outras crianças, vai chegando perto, se enturmando, interagindo. Mas naquele sábado ela estava diferente, subiu em alguns brinquedos mais altos, testou mais seus limites, se aventurou mais. Logo em seguida surgiu uma menininha vestida de Branca de Neve, Sophia logo fez amizade com ela, em pouco tempo com outro menino. Eu, aos pouquinhos comecei a me distanciar, vigiando de longe, mas dando pra ela a oportunidade de explorar aquele espaço, aquelas outras crianças e experimentar o doce gosto da liberdade. De vez em quando ela me olhava de longe e sorria, como que querendo me dizer que estava feliz. Parecia que ela agradecia aquele momento de liberdade e também dos nossos cuidados distantes, se sentindo livre e segura. Fiquei imensamente feliz de ver minha filha tão solta, tão livre, tão feliz.
No final do dia depois de assistir o dvd do Arnaldo em casa, me bateu o cansaço, mas era aquele cansaço de criança, de tanto brincar, um cansaço bom, o melhor que existe. Me senti tão feliz depois de assistir aquele dvd, mas também senti uma felicidade enorme por vivenciar estes momentos com a minha filha, seu crescimento, seu desenvolvimento. É como ficar olhando pra um botão de rosa e vê-lo abrir-se lentamente, se transformando em uma linda flor. E tudo isso acontecendo ao vivo lá em casa!
A casa é sua
Não me falta cadeira
Não me falta sofá
Só falta você sentada na sala
Só falta você estar
Não me falta parede
E nela uma porta pra você entrar
Não me falta tapete
Só falta o seu pé descalço pra pisar
Não me falta cama
Só falta você deitar
Não me falta o sol da manhã
Só falta você acordar
Pras janelas se abrirem pra mim
E o vento brincar no quintal
Embalando as flores do jardim
Balançando as cores no varal
A casa é sua
Por que não chega agora?
Até o teto tá de ponta-cabeça
Porque você demora
A casa é sua
Por que não chega logo?
Nem o prego aguenta mais
O peso desse relógio
Não me falta banheiro, quarto
Abajur, sala de jantar
Não me falta cozinha
Só falta a campainha tocar
Não me falta cachorro
Uivando só porque você não está
Parece até que está pedindo socorro
Como tudo aqui nesse lugar
Não me falta casa
Só falta ela ser um lar
Não me falta o tempo que passa
Só não dá mais para tanto esperar
Para os pássaros voltarem a cantar
E a nuvem desenhar um coração flechado
Para o chão voltar a se deitar
E a chuva batucar no telhado
A casa é sua
Por que não chega agora?
Até o teto tá de ponta-cabeça
Porque você demora
A casa é sua
Por que não chega logo?
Nem o prego aguenta mais
O peso desse relógio
Arnaldo Antunes
No mesmo dia que comprei o dvd, passamos horas no parque brincando, aproveitando o belo dia de sol. Sophia sempre brinca com as outras crianças, vai chegando perto, se enturmando, interagindo. Mas naquele sábado ela estava diferente, subiu em alguns brinquedos mais altos, testou mais seus limites, se aventurou mais. Logo em seguida surgiu uma menininha vestida de Branca de Neve, Sophia logo fez amizade com ela, em pouco tempo com outro menino. Eu, aos pouquinhos comecei a me distanciar, vigiando de longe, mas dando pra ela a oportunidade de explorar aquele espaço, aquelas outras crianças e experimentar o doce gosto da liberdade. De vez em quando ela me olhava de longe e sorria, como que querendo me dizer que estava feliz. Parecia que ela agradecia aquele momento de liberdade e também dos nossos cuidados distantes, se sentindo livre e segura. Fiquei imensamente feliz de ver minha filha tão solta, tão livre, tão feliz.
No final do dia depois de assistir o dvd do Arnaldo em casa, me bateu o cansaço, mas era aquele cansaço de criança, de tanto brincar, um cansaço bom, o melhor que existe. Me senti tão feliz depois de assistir aquele dvd, mas também senti uma felicidade enorme por vivenciar estes momentos com a minha filha, seu crescimento, seu desenvolvimento. É como ficar olhando pra um botão de rosa e vê-lo abrir-se lentamente, se transformando em uma linda flor. E tudo isso acontecendo ao vivo lá em casa!
A casa é sua
Não me falta cadeira
Não me falta sofá
Só falta você sentada na sala
Só falta você estar
Não me falta parede
E nela uma porta pra você entrar
Não me falta tapete
Só falta o seu pé descalço pra pisar
Não me falta cama
Só falta você deitar
Não me falta o sol da manhã
Só falta você acordar
Pras janelas se abrirem pra mim
E o vento brincar no quintal
Embalando as flores do jardim
Balançando as cores no varal
A casa é sua
Por que não chega agora?
Até o teto tá de ponta-cabeça
Porque você demora
A casa é sua
Por que não chega logo?
Nem o prego aguenta mais
O peso desse relógio
Não me falta banheiro, quarto
Abajur, sala de jantar
Não me falta cozinha
Só falta a campainha tocar
Não me falta cachorro
Uivando só porque você não está
Parece até que está pedindo socorro
Como tudo aqui nesse lugar
Não me falta casa
Só falta ela ser um lar
Não me falta o tempo que passa
Só não dá mais para tanto esperar
Para os pássaros voltarem a cantar
E a nuvem desenhar um coração flechado
Para o chão voltar a se deitar
E a chuva batucar no telhado
A casa é sua
Por que não chega agora?
Até o teto tá de ponta-cabeça
Porque você demora
A casa é sua
Por que não chega logo?
Nem o prego aguenta mais
O peso desse relógio
Arnaldo Antunes
terça-feira, 6 de setembro de 2011
Que saco!
Como faço todos os dias quando a Sophia chega em casa da escola, ontem fui afofar ela, abraçar esmagar, beijar, até a criança ficar vermelha, e quando enfim eu solto liberto a criança, adivinhem o que ela me disse?
a- eu também tava com saudade mamãe
b- me abraça mais forte
c- me aperta mais
d- eu também te amo
e- que saco!
Resposta: letra e de ELEFANTE! Como assim? Que saco, aos dois anos, e sai andando carregando sua mochilinha! Olhei pro Antonio com cara de "que que eu faço". Ele olhou pra mim com cara de "viu só?". Respirei fundo, segurei o riso (achei engraçado, apesar de desesperador!). Deixei ela ir pra sala com a mochilinha e fui atrás:
- Filha, que foi aquilo que tu falou ali?
- ...
- falou que saco pra mãe? Não pode...
- é mãe, que saco!
- Não pode filha, não pode falar assim com a mamãe nem com ninguém, tá bom?
- tá bom mãe.
Beijo. Beijo.
Porque que aquele toco de gente, doce, meiga e fofinha falou "que saco"? Simplesmente porque eu, a mamãe, falo "que saco". É preciso muito cuidado com o que a gente fala perto das crianças, é preciso muito cuidado com tudo, o tempo todo: nossas ações, sentimentos, palavras. Orai e vigiai!
E como ela só vai ler isso daqui há alguns anos quando já entender perfeitamente que não deve falar "que saco" por aí, preciso confessar: foi engraçado ver ela usando a expressão correta pra situação.
sexta-feira, 2 de setembro de 2011
"Vamos sumir do urso, mamãe?"
A SoSô inventa umas brincadeiras bem legais. A última, e que a gente brinca váááárias vezes durante o dia, é de sumir do urso. O urso, é o papai. Na verdade é uma brincadeira tipo esconde-esconde, mas ela resolveu chamar de "sumir" do urso. Então estamos na sala fazendo qualquer coisa e ela olha pra mim com aquele sorrisão mais lindo do mundo e com carinha de malandrinha e diz "Vamu sumí do urso mamãe?". Daí a gente se esconde debaixo de uma mantinha e fica esperando o "urso" vir pegar a gente, se ele demorar a gente começa a cantar: "O urso não é de nada...". Daí o nosso urso começa a grunir e enche a gente de "cosquinha" e beijinho. De manhã quando o papai desce pra pegar a mamadeira também rola a brincadeira de sumir do urso, assim que ele desce, ela olha mim, sorrisão lindo, carinha malandrinha: "Vamu sumí do urso mamãe?". Às vezes fazemos umas variações da brincadeira: sumimos da ursinha (que é ela) ou da bruxa (que sou eu). Só não entendi porque que eu sou a bruxa e não a ursa!
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